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Logo do site Leia Quadrinhos, uma HQ aberta em tons terrosos
multidão de artistas LGBTQIAPN+ reunidos no festival do vale

HQs com orgulho: Grupo de estudos de HQs LGBTQIA+

Público·11 membros

Pigmento

“Pigmento” foi a primeira dessas histórias que li e que não me agradou tanto. O quadrinho acompanha o dia a dia de uma tatuadora que, ironicamente, não consegue se tatuar. Isso está relacionado a certos traumas e dificuldades de aceitação que a protagonista tem consigo mesma. Com o passar da história, ela entra em um relacionamento e, a partir do entendimento mútuo, passa a conseguir se tatuar (ou, talvez, apenas observar as tatuagens, a narrativa sugere que ela é capaz de tatuar-se, mas não de vê-las).

A arte é muito interessante: tudo é em preto e branco, sem tons intermediários, simulando o estilo de uma tatuagem. Um dos aspectos mais marcantes é o fato de os personagens serem desenhados de forma andrógina, sem ressaltar características sexuais ou de gênero específicas.

O texto, por outro lado, me incomodou um pouco. Ainda que pareça uma escolha artística, as falas não possuem muita…


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Confissões da Bahia

“Confissões da Bahia” é um absurdo no melhor sentido da palavra! A HQ adapta as anotações feitas por um membro do alto clero da Igreja Católica que visitou a Bahia em uma missão para, segundo ele mesmo, “salvar o povo da Bahia da danação eterna”. A partir daí, a história se desenrola com os “pecados” sendo confessados a ele, pecados que para o tipo de sociedade conservadora e religiosa da época eram verdadeiros escândalos. Cada história é um “absurdo maior que o outro”, passando por temas como lesbianismo, orgias, tours sexuais e adoração de outros seres.

O quadrinho é colorido de forma muito interessante. Nos momentos em que vemos o mundo pelos olhos do protagonista, os quadros são em preto e branco, e os personagens aparecem sem expressão apenas com rostos de indiferença ou raiva. Já durante as confissões dos “pecadores”, o mundo ganha cor, e o estilo artístico muda…


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Aqueles Dias

"Aqueles Dias" é um quadrinho que me pegou de surpresa, explorando temas pesados como menstruação, abuso, radicalização de jovens, tiroteios escolares e depressão. O mais legal é como a história consegue juntar tudo isso de um jeito que faz sentido, sem ficar confuso, e ainda reforça a mensagem principal.

Duas coisas me marcaram muito. Primeiro, como a menstruação é mostrada: começa como um "monstro repugnante" que vira a vida da protagonista de cabeça para baixo, mas que, no clímax da história, deixa de ser um símbolo de vergonha e passa a ser um símbolo de força para ela. Segundo, o jeito como a radicalização online é abordada. Ambientada no fim dos anos 90 e começo dos 2000 momento em que a internet se tornou algo cada vez mais comum na vida dos brasileiros, principalmente adolescentes, a HQ mostra o lado bom e o ruim da web. Ela conectava as pessoas, mas…


Boi Dodói

"Boi Dodói" é uma antologia de quadrinhos que, semelhante à "Love, Death & Robots", apresenta narrativas de teor humorístico e absurdo sobre as complexidades dos relacionamentos com homens abusivos. Cada história consegue ser mais absurda que a anterior, e o humor serve como um veículo para abordar a dura realidade do machismo nos relacionamentos, um fenômeno presente tanto no Brasil quanto globalmente.

A obra é simultaneamente divertida e instigante. Lembro-me de um comentario do humorista Gregório Duvivier na HQ, que se mostrou perspicaz e metalinguística, algo como "o homem que se reconhece como desconstruído já pratica um certo machismo". Esta frase ilustra um ponto crucial da HQ: através de situações cômicas, a obra demonstra como muitas atitudes machistas são sutis, quase involuntárias, mas ainda assim bizarras.

Em síntese, "Boi Dodói" constitui uma leitura de grande interesse. Embora o formato de antologia limite um pouco aprofundamentos em discussões específicas, a crítica…


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